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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

primeiro CATE no BOPE/ACRE


 

Comandante do BOPE reage a críticas com trabalho duro e uma nova filosofia no quartel: agora a união faz a força.
Há poucas semanas atrás a administração do Batalhão de Operações Especiais, na pessoas de seu comandante e seus oficiais, passou por duras críticas por parte de pessoas que utilizaram o anonimato para disparar sérias críticas contra a rotina e o serviço diário no Batalhão. As investidas foram fortes e muitos dizem que um clima chato passou a dominar o dia-a-dia do serviço policial. Contudo, chamando a responsabilidade para si, o Coronel Ulisses, implantou uma nova política de aproximação com a tropa, incentivando a união entre todos. Segundo o que me foi passado, todos sabem de seus problemas internos, mas também sabem que é com gestos de união que eles podem ser resolvidos.
Dando continuidade a essas mudanças e fruto dessa nova atitude de valorização do profissional, será realizado o I CATE, que é o sonho de consumo de muitos combatentes que ainda não tiveram a oportunidade de realizar um curso desse nível fora do Estado. Previsões afirmam que o curso estará entre os melhores do Brasil, com boas instruções e os mais capacitados instrutores da área de Operações Especiais.
Gostaria aqui de dá os parabéns ao Comandante do BOPE e seus oficiais, postura como esse é que define os melhores dos meramente bons. Valeu Cel Ulisses, Ten Evandro, Ten Assis, Ten K. Albuquerque, vocês são dotados de uma nova visão de polícia e de valoraização do profissional.
Pessando nisso e em como é importante a preparação profissional dentro da caserna, deixo com vocês alguns dados estatísticos retirados de um depoimento e que pode nos dá a idéia completa de como é bom está preparado para quando o inimigo chegar.
Segue-se.
Nestes vinte anos compondo o Quadro de Oficiais da Polícia Militar do Distrito Federal, tive a oportunidade de me aprofundar em alguns assuntos que considero da maior relevância para a sobrevivência do Policial Militar, quando se deparar com confrontos armados.
 Um estudo detalhado sobre confrontos armados, onde participaram policiais norte americanos de diversos departamentos de Polícia, inclusive do próprio FBI, possibilitou a elaboração de Táticas de Sobrevivência Policial para Confrontos Armados, com o principal objetivo de modificação de alguns conceitos e técnicas de treinamento policial, buscando diminuir o número de policiais mortos todos os anos no desempenho de suas atividades, ou mesmo durante a folga.
 Só para se ter um parâmetro, para fins de comparação com a nossa Instituição, nos EUA, três em cada quatro dias são relatados, através de rádios, telex e informes, a morte de policiais em serviço. O número assustador fez com que se procurasse uma razão para tamanho número de óbitos nas organizações policiais. A conclusão que se chegou foi que, na verdade, muito mais tempo e esforços são gastos para enterrar decentemente um policial do que para mantê-lo vivo, ou seja, pouco se investe em aprimoramento e pesquisa.
Entender a dinâmica de um confronto armado na vida real é passo fundamental para convencer o policial que seu trabalho é realmente perigoso e doutriná-lo a reconhecer e proceder corretamente diante de uma situação de risco.
Segundo o relatório norte americano, embora haja a realização de treinamento Físico Militar e de Tiro, este treinamento tem se mostrado falho e ineficaz nos confrontos armados do dia a dia. Policiais, por sua vez, convencidos pelo treinamento que utam (por vezes ministrados por pessoas que nunca participaram de confrontos reais), nada fazem para aumentar a sua proficiência em situações de risco e assim se comportam por não entenderem a dinâmica daquilo que podem vir a enfrentar. Muitos dos que tombaram em serviço eram excelentes atiradores no estande, mas a verdade é que em 60% dos casos de mortes de policiais, estes se encontravam tão despreparados para a situação que os matou, que sequer haviam sacado suas armas quando foram mortos. Apenas 27% atiraram de volta e 13% conseguiram atingir ou incapacitar seu agressor. 
O que na verdade os policiais sempre devem ter em mente, é que freqüentemente estarão em desvantagem em relação aos bandidos. Suas viaturas são ostensivas, seus uniformes denunciarão sua presença e seus comandos verbais os tornarão facilmente identificáveis, enquanto os bandidos poderão por muitas vezes se preparar com maior antecedência que o policial e também agir com muito mais violência e de forma indiscriminada, pois não terão que justificar seus atos posteriormente.
O policial, por sua vez, é freqüentemente influenciado por considerações psicológicas, morais e até religiosas que inibem uma ação instintiva. Mesmo quando não tiver problema quanto a matar, estará pensando em outras variáveis como, por exemplo, nos transeuntes que possam vir a ser atingidos. Se for um atirador bem adestrado, precisará de no mínimo, 1 a 1,2 segundos  para sacar e atirar, enquanto o bandido precisará de milésimos de segundos para atirar, se já estiver de arma em punho ( lembrando que nas situações rotineiras, o policial dificilmente estará com a sua arma em punho). UM DADO IMPORTANTE: Mais de 70% dos confrontos armados fatais para os policiais ocorrem durante missões aparentemente rotineiras.
Nas academias de polícia, estudos mostram que 70% dos alunos nunca tiveram qualquer contato anterior com armas de fogo e mesmo depois de formados não terão adestramento suficiente para utilizarem adequadamente suas armas em situações reais. Alguns até mesmo acreditam que aprenderão o que precisam saber no decorrer do serviço.
Entre os policiais que participaram de tiroteios e saíram vivos, muitos dirão que sobreviveram graças à sorte. Mesmo após um contato tão próximo com a morte, ainda não se interessam por saber o que fariam de diferente se a situação acontecesse novamente.
A sorte é um quesito fora de questão quando há nativas para se aumentar as chances de sobrevivência, e elas aumentarão certamente com um correto conhecimento e adestramento em técnicas de sobrevivência. Alguns estudos sobre confrontos mostram que pouco mais de 1% dos tiroteios ocorreram de forma totalmente inesperada, sem aviso prévio ou motivo aparente. A grande maioria de policiais tinha condições de avaliar o prévio perigo e certamente teriam sobrevivido se:
* ENTENDESSEM A DINÂMICA DOS CONFRONTOS ARMADOS.
* TIVESSEM AVALIADO CORRETAMENTE OS RISCOS ENVOLVIDOS NA AÇÃO.
* TIVESSEM PLANEJADO O QUE FAZER EM CASO DE AMEAÇA LETAL.

Temos que ter em mente que a sobrevivência começa muito antes do momento em que se precisa atirar. Se esperarmos até esse momento para pensar no que fazer, sobreviver será apenas uma questão de sorte.
Via de regra, a antecipação é a alma do negócio. A antecipação permite que o policial iniba a escalada da violência ( os sucessivos graus de aumento de risco) e se prepare para agir da maneira que se fizer necessária.
É importante salientar que em situação de estresse, o policial instintivamente agirá de acordo com aquilo que treinou. O treino exige tempo e dedicação, e por mais simples que sejam as técnicas e procedimentos de sobrevivência, elas exigem treinamento constante.
  ”TREINAMENTO DIFÍCIL, COMBATE FÁCIL”.
Em 85% dos casos, as distâncias nos confrontos armados são menores que 6 metros. A maioria dos policiais mortos em serviço estava a uma distância de no máximo 3 metros, e a parte restante estava a menos de dois metros. Dos 250 policiais mortos em Nova Iorque desde 1854, apenas um foi morto a uma distância maior que 6 metros.
Duas em cada três vezes o confronto se dará em locais escuros ou de baixa luminosidade. Na maioria das vezes, não haverá condições de enxergar alça e massa de mira quando for efetuar disparos.
O tempo dos tiroteios (em quase 100% dos casos) não foi maior que três segundos e três tiros disparados foi a média calculada, contando-se os disparos do bandido e do policial. Em quase todos os casos, os disparos iniciais determinaram o resultado final do confronto.
Baseado em uma verdade que os dados nos fornecem, é importante frisar que o tempo que se leva para reagir ao fato é prioritário em relação à quantidade de munição que se carrega. Na maioria dos casos os policiais carregavam muito mais munição do que precisaram, mas não tiveram o tempo que gostariam de ter para agir. Portanto, O TEMPO É UM FATOR CRUCIAL.
Muitas vezes os confrontos acontecem na rua, onde há transeuntes, crianças brincando, camelôs etc, e é certo que o policial deverá se preocupar com eles, mas o bandido não. Quatro em cada dez ocorrências envolvem mais de um alvo. É muito comum criminosos usarem comparsas para aumentar a segurança. Esses homens não serão facilmente identificados pelo policial e podem não ser notados até que abram fogo, portanto, estarão em situação bem mais vantajosa e poderão estar posicionados em lugares diferentes do bandido já identificado. Então, nestes casos, é bem provável que atirem primeiro e é bom lembrar que podem estar portando armas muito mais poderosas que as do policial.
Outro dado fornecido é o resultado morte em 90% dos casos onde policiais tiveram suas armas tomadas pelos bandidos, sendo que em 20% destes casos, os policiais foram mortos com suas próprias armas, tomadas de suas mãos ou dos seus coldres.
Segundo estatísticas de confrontos armados, há 40% de chance do bandido atingir o  policial e em praticamente todos os casos o bandido atirou primeiro, o que quer dizer que há motivações suficientes para que o bandido atire em um policial e com certeza não será o colete anti-balístico ou o uniforme que o intimidará de assim fazer.
Na maioria dos casos os indivíduos mais agressivos eram os mais jovens (até 21 anos).
Em 60% dos casos onde morreram policiais, os criminosos envolvidos eram profissionais e já tinham passagens anteriores pela polícia.
Enquanto toda a história de vida do criminoso o incentiva a atirar no policial, uma série de fatores estará impedindo o policial de atirar contra ele. A maioria dos policiais, enquanto percebem uma ameaça e começam a reagir, estarão pensando em várias coisas como família, transeuntes inocentes etc. Muitos pensarão em como se justificar depois, e que se houver julgamento do caso, ele será julgado por pessoas que jamais estiveram numa situação como a que ele está agora. Em 92% dos casos de confrontos, policiais são plenamente absolvidos na justiça, não acarretando qualquer repreensão para os policiais envolvidos. Apenas três em cada mil e quinhentos casos resultam em condenação criminal, ou seja, há muito mais chance do policial hesitar para agir do que o bandido, e esta hesitação afetará significativamente o tempo de reação do policial.
O sexo do companheiro de serviço também afeta a capacidade de avaliação de risco e reação. Quando homens e mulheres trabalham juntos, é provado que os homens tendem a ser mais cautelosos em relação ao perigo, enquanto que,  quando há apenas homens, estes tendem a ser mais imprudentes nos procedimentos de riscos.
Em 27% dos casos, os policiais já conheciam os bandidos que os mataram. Este fato permitiu que relaxassem e lhes deu confiança para imaginar que estavam seguros. O maior inimigo do policial é o excesso de confiança.
Outro fator importante que foi observado é a falta de treinamento e adestramento constante. De acordo com o FBI, 40% dos policiais mortos em serviço não tiveram qualquer treinamento ou prática de tiro durante três anos após terem efetuado o último disparo em treinamento.
Cerca de 70% dos policiais atingidos que responderam ao fogo não conseguiu neutralizar o seu alvo. 60% deles tinham entre 25 e 40 anos e tinham em média cinco anos de serviço. Apenas 13% tinham menos de um ano de polícia.
Portanto, alguém pode dizer que não existe maneira de estar preparado para tudo, e isto é verdade, mas quase sempre será possível não estar totalmente despreparado para um confronto armado. Não há um manual de como agir em cada situação, mas o uso de técnicas de preparação mental (antecipação) vão certamente ajudar a planejar, perceber e agir em cada situação, aumentando em muito as chances de sucesso

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